Educar os filhos com os ensinamentos de Deus

Gerar filhos é uma graça, mas a graça se torna maior ainda, quando estes filhos gerados são criados e educados segundo a vontade do Senhor. “O menino crescia e tornava-se forte, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava com ele” (Lucas 2, 40). Nós contemplamos, hoje, Jesus no templo, e lá estava uma profetisa, uma viúva fiel e temente a Deus, queservia a Ele com jejuns e orações dia e noite. E naquele momento ela pega o Menino nos seus braços, louva a Ele por tudo aquilo que Ele significa e representa para todo o Israel e para todo o povo de Deus. E, ao sair do templo, Jesus vai viver com os pais em Nazaré, ali vai ser Sua cidade. Em Nazaré, Jesus cresce como crescem nossas crianças, ali Ele aprende a andar, a caminhar, ali aprende a falar, ali no meio de crianças Ele brinca e vive a vida como qualquer outro menino. E a Palavra testemunha, para nós, que Jesus cresce, tornando-se forte, cheio de sabedoria e a graça de Deus repousando sobre Ele.


Hoje, pedimos a Deus por todo pai e por toda mãe que têm a graça de criar e educar seus filhos, porque as duas coisas são muito importantes. Gerar filhos é uma graça, mas a graça se torna maior ainda quando estes filhos gerados são criados e educados segundo a vontade do Senhor.
Um desafio tremendo para os nossos dias é o desafio de criar filhos. Não é fácil e não é simples! Falamos não para desanimar, muito pelo contrário, é para encorajar você que é pai e você que é mãe. Para que você tenha a sabedoria, tenha a luz divina, tenha discernimento, mas também tenha pulso. Dois ingredientes são necessários para se criar filho: ternura e firmeza; ou ternura e vigor. Nossas crianças precisam de ternura, de amor, de carinho, de cuidado, de atenção, de presença; de pais que as escutem, que as compreendam, que tratem cada filho com a dignidade única e pessoal que cada um merece. Pais que lhes deem atenção, pais que se façam presente, pais que deem aos seus filhos a alegria de serem firmes. Que nossos pais não precisem cuidar de nossas crianças com aspereza, com grosseria, com dureza, pais que aprendam que não basta colocar comida na mesa e lhes dar coisas e presentes, pois isso não faz de vocês bons pais. Pais que se façam presentes, comunicando amor e ternura a seus filhos.


Mas amor e ternura precisam se misturar ao vigor. Nós não podemos permitir que crianças mandem em seus pais; nem que os pais façam tudo que estas querem. Criança precisa de disciplina, precisa ser educada, precisa aprender a ouvir “não! ” Para que, assim, aprenda a dar valor às coisas. Muitas vezes, as crianças fazem aquilo que querem, e os pais dizem: “Olha que lindo isso! Criança é assim mesmo!” . É no colo da família, no seio da família, que nossas crianças são educadas e aprendem o sentido da vida. Hoje, rogamos por você que é pai e por você que é mãe, que você tenha a graça e o dom de Deus para educar seus filhos, que o Senhor lhes dê a ternura e a firmeza para educar seus filhos, para que cresçam como Jesus cresceu no meio de nós, na sabedoria, na fortaleza e na graça do Senhor. Vão aqui quatro conselhos dos santos para você educar os seus filhos. Nem todas são exortações muito agradáveis aos ouvidos, mas, com certeza todas serão de grande valor para a sua família.

  1. Ser obediente a Deus
    “ Se queremos saber mandar, temos primeiro de saber obedecer, procurando impor-nos mais com o amor do que com o temor.” (São João Bosco)
    Antes de impor a autoridade sobre os filhos, é preciso lembrar que há uma autoridade à qual todos os homens devem obedecer. Tanto maior será o respeito dos filhos por seus pais, quanto maior for o respeito destes ao Pai dos céus. O filho que vê o pai trabalhando, tratando com respeito a sua mulher, cuidando das necessidades da casa e rezando – em suma, cumprindo o seu dever de cristão e pai de família -, não só será dócil às suas instruções, como seguirá o seu exemplo, ao crescer. Portanto, em primeiro lugar, o Reino de Deus, isto é, o cumprimento da Palavra. As outras coisas virão por acréscimo.
  2. Corrigir por amor, não por ira
    “ Tome-se como regra nunca pôr as mãos num filho enquanto dura a ira ou cólera; espere-se até que se tenha aquietado por completo.” (Santo Afonso de Ligório)
    “Quando, porém, se tornarem necessárias medidas repressivas, e consequentemente a mudança de sistema, uma vez que certas índoles só com o rigor se podem dominar, cumpre fazê-lo de tal maneira que não apareça o mínimo sinal de paixão.” (São João Bosco)
    Os conselhos de Santo Afonso e São João Bosco são o mesmo conselho do Autor Sagrado: “Vós, pais, não provoqueis revolta nos vossos filhos” (Ef 6, 4). Se é verdade que, como adverte o Livro dos Provérbios, “quem poupa a vara, odeia seu filho” (13, 24), também é verdade que toda correção deve ser feita de modo racional e equilibrado, inspirada pelo amor, não pela ira. Caso contrário,
    também a criança aprende a irar-se, sem que mude de comportamento. Aqui, é importante evitar não só as agressões físicas, mas também os gritos e as palavras exasperadas, que mais servem para intimidar as pessoas que para melhorar o seu caráter.
  3. Dar bom exemplo
    “ Os pais estão igualmente obrigados a dar bom exemplo a seus filhos. Estes, principalmente quando pequenos, imitam tudo o que veem, com a agravante de seguirem mais facilmente ao mal, ao qual nos sentimos inclinados por natureza, que o bem, que contraria nossas inclinações perversas. Como poderão os filhos comportar-se irrepreensivelmente, se ouvirem seus pais blasfemar a miúdo, falar mal do próximo, injuriá-lo e desejar-lhe mal, prometer vingar-se, conversar sobre coisas indecentes e defender máximas ímpias, como estas: Deus não é tão severo como dizem os Padres; ele é indulgente com certos pecados, etc.? O que se tornará a filha que ouve sua mãe dizer: É preciso deixar-se ver no mundo e não se enclausurar como uma freira em casa?
    Que bem se pode esperar dos filhos que veem o pai o dia inteiro sentado na taberna e, depois, chegar bêbado a casa, ou então visitar casas suspeitas, confessando-se uma só vez no ano ou só muito raramente? S. Tomás diz que tais pais, de certo modo, obrigam seus filhos a pecar.” (Santo Afonso de Ligório)
    As palavras de Santo Afonso são suficientemente claras. Aqueles que dão mau exemplo de vida, “de certo modo, os obrigam seus filhos a pecar”. Se essa sentença é verdade para o mal, também o é para o bem. Pais que vivem uma vida de oração e virtudes excitarão o coração de seus filhos para o serviço de Deus e das almas. O casal de santos Luís Martin e Zélia Guérin, educou tão bem suas cinco filhas, que todas elas se tornaram religiosas, entre elas Santa Teresinha do Menino Jesus, que é doutora da Igreja. O pai que, lendo essas linhas, lamentou não ter dado uma boa educação a seus filhos – pois não
    tinha conhecido Nosso Senhor quando começou a sua família – deve, antes, louvar a Deus pelo conhecimento que agora tem e ainda pode dar a seus filhos, por meio de conselhos. É preciso, agora, buscar a conversão da própria família, sobretudo, com uma vida de muita oração e penitência, evitando inquietações e escrúpulos desnecessários, afinal, Deus não nos pede conta daquilo que ignoramos. Uma vez conscientes da Sua vontade, todavia, é importante trabalhar com temor e tremor na própria salvação e na dos outros, sabendo que a quem muito foi dado, muito será cobrado.
  4. Agir com prudência e vigilância
    “Os pais são os culpados, pois quando se trata de seus cavalos, eles mandam aos cavalariços que cuidem bem deles, e não deixam que cresçam sem serem domados, e desde cedo põem neles freio e outros arreios. Mas quando se trata de seus filhos jovens, deixam-nos soltos por todas as partes durante muito tempo, e assim perdem a castidade, se mancham com desonestidades e jogos, e
    desperdiçam o tempo com espetáculos imorais. (…)Cuidamos mais de nossos asnos e de nossos cavalos, do que de nossos filhos. O que possui uma mula, se preocupa em encontrar um bom cuidador, que não seja nem rude, nem desonesto, nem ébrio, mas um homem que conheça bem o seu ofício. Todavia, quando se trata de procurar um professor para a alma da criança, contratamos
    o primeiro que aparece. E, no entanto, não há arte superior a esta. O que é comparável à arte de formar uma alma, de plasmar a inteligência e o espírito de um jovem? Quem professa esta ciência deve proceder com mais cuidado que um pintor ou um escultor ao realizar sua obra.” (São João Crisóstomo)
    São João Crisóstomo viveu no século IV, mas esse conselho é válido sobretudo para os nossos tempos, em que as crianças são entregues a um sistema educacional corrompido, muitas vezes com a displicência dos pais, que querem passar toda a sua responsabilidade de educá-las para o Estado. “Quando se trata de procurar um professor para a alma da criança, contratamos o primeiro que aparece”. Essa sentença convida todos os pais a um exame de consciência: como me relaciono com a escola dos meus filhos? Sei ou procuro saber o que os professores estão passando para eles, quais livros estão sendo usados para a sua instrução e como é o ambiente em que convivem? Em casa, deixo os meus filhos jovens “soltos por todas as partes”, deixando que façam o que querem, sem freios e sem disciplina? Converso com eles com frequência, agindo verdadeiramente como pai? O exame deve incluir, evidentemente, o propósito de agir com mais pulso e cuidado na orientação da prole. É preciso empregar muita diligência nesses exames, pois, como diz Santa Teresinha do Menino
    Jesus, as crianças “são como uma cera mole sobre a qual se pode depositar tanto as impressões das virtudes como do mal”, e os primeiros responsáveis por moldar essas pequenas almas são justamente os pais. A santa religiosa de Lisieux exclamava: “Ah! Quantas almas chegariam à santidade se fossem bem dirigidas!…” Lembremo-nos sempre que Deus pedirá conta daquilo que fizemos com as almas de nossos filhos e peçamos a Sua graça para imitarmos a Sagrada Família de Nazaré, na qual Nosso Senhor cresceu, rodeado de carinho, atenção e amor.
    Que Deus abençoe você!